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domingo, 29 de maio de 2011

Documentário/Criança : a alma do negócio

UFBA – Faculdade de Educação
Curso: Especialização em Tecnologia e novas Educações
Docente: José Américo Santos M. Menezes
Aluna: Geane A F de Souza
Criança: a alma do negócio
Para Karasaklian “Não nascemos consumidores, mas aprendemos a sê-lo”. Então mediante a fala da autora compreende-se que ninguém nasce consumidor adquirimos hábitos de consumir ao longo das nossas vidas. Entretanto, somos frutos de uma sociedade moderna e extremamente capitalista, na qual todos nós praticamos massivamente o consumo alienante e compulsório, objetivando conforto e bem estar. Nessa perspectiva a população brasileira busca destaque e poder, bem como, refúgio para superar seus anseios, medos e angústias, consumindo produtos que são definidos por suas marcas, qualidades e diversidades, que lhes são veiculados através da publicidade e modernismo.
Para alguns ou para uma maioria de brasileiros usufruírem de certas marcas ou produtos não é tão somente uma questão de necessidade, mas passa a ser uma questão de prioridade absoluta, em alguns casos é alcançar felicidade plena e auto-realização do ser humano. Nesse momento o homem perde a noção do que é o essencial para a sua vida cotidiana.
 Entretanto, temos um consumidor recorde? O público mirim. Para tanto o mercado varejista, investe rigorosamente em propagandas publicitárias visando retorno (lucro) com brevidade. Afinal pesquisas apontam que 80% do que se tem dentro de uma casa é influenciado pelo poder de decisão das crianças. Como vimos no vídeo, “Criança: a alma do negócio”, o universo da publicidade apela fortemente em propagandas voltadas para o público infantil, com estratégias diversificadas, objetivando chamar a atenção dos pequeninos, não apenas ganhar a atenção desses, mas, sobretudo despertar nos mesmos a paixão, bem como, instigar a emoção de cada criança por determinado objeto de consumo.   
Dessa forma o mundo da propaganda precisa garantir sucesso absoluto, então usa um instrumento infalível para conquistar a criançada, a “imagem” a qual traz consigo humor, ludicidade, emoção, muitas cores, entre outros fatores. Tomando como exemplo a propaganda publicitária compre: “um ovo da páscoa das princesas e ganhe um castelo”. Que criança resistirá a tal apelo? O que significa uma reação instantânea,  imediata, exercendo forte pressão sobre seus pais, pleiteando  a compara o objeto de desejo, bem como,  marca e escolha do produto.
A linguagem da propaganda é bastante persuasiva, sedutora e “poderosa”, estimula a fantasia do telespectador, por conseguinte acaba estimulando a compra de certos produtos que na maioria das vezes são desnecessários, supérfluo. Tendo em vista que a criança é o alvo das propagandas, especialmente televisivas, isto por passarem a maior parte seu tempo na frente de uma televisão. Em consequência a criança se contamina de idéias e desejos, acreditando que o produto é realmente importante, usando assim de todos os recursos para adquiri-lo. Em outras palavras é a realização de um sonho.
Para Nelly de Carvalho “A palavra tem o poder de criar e de destruir, de prometer e negar, e a publicidade se vale desse recurso como principal instrumento”. É verdade a palavra tem força e poder, como salienta a autora. Haja vista que essa é usada da forma mais poderosa possível, que é repetição a qual caba por convencer até mesmo o adulto que já tem seus valores e conceitos formados quanto mais uma criança, que ainda é um ser inacabado, ou seja, em formação principalmente no que diz respeito ao seu psicológico.
Segundo, Nicolas Montigneaux salienta que;

“Entre os 7 e 12 anos, o objeto toma os olhos da criança um valor social. Isso lhe permite se situar em relação aos outros e assim, pela escolha deste ou daquele objeto se afirmar como pertencente a um grupo. O processo de identificação está na base dessa representação nova do objeto e do significado que lhe é dado pela criança. Esta torna-se mais sensível às novas dimensões do produto, como a marca, a notoriedade, a adoção do produto pelos parceiros (grupo de amigos)” (MONTIGNEAUX, 2003, P.53).

Esse público já possui um pensamento mais desenvolvido, porém não o suficiente para discerni a cerca das abstrações. As confusões, ainda são bem presentes. Aos 12 anos já se consegue ter certa consciência crítica sobre o que se vê, se tem e o que necessita, porém as circunstâncias ainda são bastante complexas, a questão subjetividade ainda é bastante marcante na vida desses jovens.
Assim sendo, percebemos que é função intransferível da mídia exercer o poder de persuasão sobre as crianças, principalmente as brasileiras que de acordo com o IBGE é a que mais assiste TV no mundo. A família na maioria das vezes acaba colaborando e sem muita resistência no que tange a comprar o que a criança pede, até porque se deixa levar também pela mesma propaganda que faz a “lavagem cerebral” na criança propaganda e pela satisfação de vê seu filho ou filha feliz. Por outro lado precisa-se atentar mais para essa questão de comprar porque é bonito, porque me sinto bem, por puro prazer, porque posso, para mostra que tem dinheiro, influência, para destacar-me. Nesses casos precisa-se de atenção redobrada, pois tal situação já pode ter se transformado em doença.
Contudo, é importante que a família se atente para tais questões, pois poderá transmitir para a criança hábitos e valores distorcidos da realidade que em essa vive, a qual vai além das suas necessidades. Nessa conjuntura a criança ao torna-se adulto, poderá ou não ser um cidadão inconsequente, por comprar e descartar  sem medir consequências , já que vivemos num mundo que tem por base a construção de uma sociedade mais justa e solidária.   


Referências
CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. São Paulo: Ática, 2002. 175 p.
KARSAKLIAN, Eliane. Comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2000. 303 p.
MONTIGNEAUX, Nicolas. Público-alvo crianças; a força dos personagens e do marketing para falar com o consumidor infantil. Rio de Janeiro: Campus, 2003. 269 p.